CRIANÇAS COM AGENDAS CHEIAS
Por Priscila Badotti
Está mais comum os pais se preocuparem cada vez mais cedo com o futuro profissional dos filhos. E um dos principais motivos para essa procupação é o receio que muitos pais tem de que seus filhos fiquem aquém das outras crianças. Pensam que é necessário despertar a competitividade desde cedo para garantir o sucesso profissional, pois num mundo competitivo, muitos acreditam que seus filhos estarão um passo à frente se passarem mais tempo em atividades variadas. Mas é preciso cuidado para não se precipitar ao inseri-las na realidade adulta antes que elas tenham se desenvolvido, antes que tenham maturidade para isso. Além disso, hoje os pais encontram dificuldade de encontrar alguém para deixar os pequenos durante o dia, o que os faz se desdobrarem para conciliar seus horários com os dos filhos, principalmente quando ambos trabalham fora e acabam preenchendo o tempo livre dos filhos com afazeres e atividades extracurriculares em sua ausência.
As atividades extracurriculares são importantes para as crianças, mas o excesso de atividades pode comprometer o desenvolvimento delas. O que está acontecendo é que as atividades extracurriculares preenchem o tempo das crianças e adolescentes de forma avassaladora e cada vez mais cedo. O excesso de atividades extra-curriculares é prejudicial ao desenvolvimento infantil e as consequências disso pode gerar desinteresse pelos estudos, pelas brincadeiras, além de problemas na aprendizagem, queda no rendimento escolar, estresse, cansaço, falta de estímulos, etc. E, dessa forma, as crianças tem cada vez menos tempo para ser criança, podem desenvolver distúrbios que são bastante comuns em adultos, como a depressão e o estresse. E ainda correm o risco de virar adultos mais ansiosos e estressados.
Recusa em ir à escola, distúrbios do sono (para dormir ou para acordar), mudanças no humor, dores de cabeça frequentes, baixo rendimento escolar, irritabilidade, tristeza, agressividade em excesso, perda ou excesso de apetite são alguns dos sinais de que a criança não está bem. É preciso que os pais estejam atentos e se identificarem algum destes sintomas, conversarem com o filho, investigar o que está provocando tais comportamentos e tentar modificar a situação. Se mesmo depois do diálogo o problema persistir, é importante procurar a ajuda de um psicólogo para identificar o que está acontecendo.
Mas também pode acontecer da criança pedir aos pais para fazer diversas atividades e estes permitirem achando que já que é o filho que está pedindo, não terá nada de mais fazer mais uma atividade, afinal, é ele que está pedindo! Vale refletir que na infância, a vontade de conhecer e experimentar tudo é saudável e comum, mas é aí que a experiência dos pais pode ajudar, conversando com a criança e mostrando que não é possível fazer tudo que se quer e, portanto, deverá escolher entre as diversas opções disponíveis. Pode acontecer também que, muitas vezes, as crianças podem não se adaptar a atividade que foi escolhida. Nunca se deve forçar a prática de algo que a criança não gosta ou com a qual não se adapta. Mas somente experimentando ela poderá desenvolver interesse por áreas distintas.
Portanto, é preciso ter bom senso na hora de escolher as atividades extracurriculares das crianças. Elas precisam gostar do que estão fazendo e jamais fazer uma atividade por obrigação, evitar exageros e colocar como prioridade o seu bem-estar físico e emocional, pois só assim se tornarão capazes de competir pelo o que quiserem quando se tornarem adultas!
CRIANÇAS E APARELHOS ELETRÔNICOS
Por Priscila Badotti
As crianças e jovens demonstram muita facilidade para se adaptar à tecnologia uma vez que já nascem inseridos num mundo onde a tecnologia impera, uma realidade muito diferente daquela na qual seus pais viveram, aonde o computador não era um aparelho doméstico e os telefones celulares nem existiam. Consequentemente, alguns pais sentem dificuldades e até resistências em fazer uso dos aparelhos tecnológicos.
Não há como negar que na internet há entretenimentos excelentes, educativos, informativos e, ainda, é um espaço para se comunicar com os amigos e o mundo de forma rápida e prática, porém, também são muitos os malefícios causados às crianças e adolescentes pela exposição excessiva aos aparelhos eletrônicos: os mesmos podem influenciar na interação social e familiar, alterações de comportamento (ex.: assistir a cenas violentas na TV pode causar ansiedade e medo dependendo da idade da criança), Distúrbios do sono (ex.: cenas agitadas atrapalham a qualidade do sono), obesidade (ex.: fazer refeições diante da TV leva a aumento do consumo e propagandas têm influência nas preferências alimentares), entre outros impactos.
Ainda bem pequenos, normalmente, os primeiros aparelhos tecnológicos que chamarão a atenção da crianças serão os aparelhos que os pais e/ou pessoas de maior convivência com a criança utilizarem. Por exemplo, se uma criança de 2 anos tem um irmão mais velho que usa um determinado aparelho eletrônico para jogar, provavelmente, este será o aparelho que inicialmente chamará a atenção desta criança.
Até por volta dos 5 anos o cérebro da criança ainda não amadureceu completamente e uma parte dele, o lobo frontal, responsável por inibir certos comportamentos, que é justamente umas das causas que dificultam o aprendizado de coisas novas por parte dos adultos, faz com que as crianças sejam menos resistentes frente ao novo e se interessem de imediato pelo desconhecido. E, aproximadamente, até os 3 anos de idade o mais importante para o desenvolvimento intelectual das crianças é o afeto e a atenção individual que elas recebem (ressaltando que afeto e atenção são importantes durante toda a infância e adolescência). Portanto, depois dessa fase os estímulos recebidos através da tecnologia, se utilizados com bom senso, também podem contribuir para o seu desenvolvimento cognitivo.
Na minha prática clínica é muito comum receber crianças e adolescentes que estão tendo prejuízos na vida pessoal e escolar por apresentarem dificuldades de se “desconectar” da internet, jogos e afins. Minha orientação aos pais é que, ao invés de simplesmente proibir, cedam ao uso da tecnologia tendo-a como mais um meio de interagir com seus filhos, principalmente na adolescência onde o universo virtual lhes parece muito mais atrativo. E para administrar de forma mais saudável o uso de computadores, tablets e celulares, primeiramente, observem o conteúdo que os filhos estão tendo acesso, ou seja, se o mesmo é adequado para a sua faixa etária. Em segundo lugar, que coloquem limites quanto ao tempo de uso dos aparelhos por dia, quem são seus amigos virtuais e até que ponto se expõem nas redes sociais. Ainda quanto ao tempo, os pais devem ter bom senso e listar as principais atividades diárias na rotina dos filhos e priorizá-las, tomando cuidado para que os jogos eletrônicos e afins não substituam relacionamentos sociais, dificultem a realização das tarefas escolares e nem as atividades físicas. É fato que, se os pais já tiverem dificuldades em criar limites para os filhos em outros aspectos de sua educação, ficará muito mais dificil conseguir colocar limites no tempo que o filho ficará no computador.
Uma coisa é certa, não há como retrocedermos diante das tecnologias, então a melhor forma é entendermos que fazem parte da nossa vida e adequá-las à rotina familiar, utilizando-as a nosso favor e tornando a interação mais saudável e enriquecedora possível jogando com eles, seja no computador ou no celular (para citar alguns aparelhos) desde que priorize as relações humanas diretas e o convívio social. Desse modo, o mais importante para pais e filhos nesse momento é a relação que eles estão construindo e a presença afetiva.
Entrevista sobre Avaliação Psicológica concedida ao site “Vivo Mais Saudável”
(Jornalista Mariana Haupenthal - GHX Comunicação) em agosto de 2015.
Quando realmente é necessária uma avaliação psicológica na criança?
A avaliação psicológica em crianças é necessária quando se identifica que algo não vai bem com a criança e está causando prejuízos para o seu desenvolvimento pleno. Há uma demanda principalmente por parte das escolas no que diz respeito ao baixo desempenho escolar e ao relacionamento insatisfatório da criança com professores e colegas. Há também situações onde os próprios pais veem a necessidade de procurar ajuda profissional para os filhos e acabam procurando um neurologista, por exemplo, e este, se for o caso, também faz um encaminhamento da criança para avaliação.
Outros sinais de que a criança demanda avaliação?
São muitos os sinais de que a criança precisa de avaliação, entre eles quadros de ansiedade, alterações no sono, medos, dificuldades na leitura, na atenção, memória e raciocínio ou quadros mais complexos, como dislexia, transtorno do déficit de atenção com ou sem hiperatividade. Nas queixas relacionais, como habilidades sociais, apego, entre outros. E ainda, queixas de características de personalidade antissocial e queixas mais específicas como, por exemplo, antes e depois de determinadas cirurgias, após sofrer algum trauma, perda de um ente querido, dificuldade em aceitar a separação dos pais, etc.
Há exageros por parte das escolas e pais? Pelo contrário, há negligência?
Exageros podem acontecer, mas neste caso, é muito mais importante que se peque pelo exagero do que pela falta, pois há situações que se os adultos não procurarem ajuda no momento certo, podem colocar em risco o desenvolvimento da criança. E, uma vez que a criança foi encaminhada para avaliação, a negligência pode acontecer principalmente por parte do profissional, caso este não avalie também o ambiente familiar e o contexto social em que a criança está inserida. Portanto, é necessário que, além da observação e das técnicas escolhidas para avaliar, o profissional também realize entrevistas (anamnese, por exemplo) com os pais ou responsáveis.
Outras considerações:
Após se obter o resultado (laudo) de uma avaliação psicológica, os pais, a escola e todos os profissionais envolvidos com a criança devem ter muito cuidado com o uso que será feito deste documento. Que o mesmo não sirva de rótulo ou setença para uma criança!
Priscila Badotti
Psicóloga Infantil
Entrevista concedida à página pessoal do jornalista Abud Mamed sobre Aversão Escolar, realizada em fevereiro de 2020.
1 - Por que a maioria das crianças comuns e especiais tem aversão à escola?
Discordo que seja a maioria, contudo, são muitos os motivos que podem levar as crianças a terem aversão à escola como, por exemplo, crianças sem acompanhamento da sua vida escolar por parte dos pais, aquelas que sofreram bullying e ameaças, as que apresentam dificuldades em acompanhar o conteúdo das disciplinas, na maioria das vezes, desde a alfabetização e ao longo dos anos vão se sentindo desmotivadas com o que a escola tem a oferecer, sendo que, muitas vezes, esse sentimento é mascarado como uma preguiça. Por outro lado, atendo crianças e adolescentes que apresentam bom potencial de aprendizado, porém, não se sentem desafiados e, conseqüentemente, deixam de se interessar pelas aulas e os estudos. Há também fatores externos à escola, questões sociais, nas quais os alunos apresentam dificuldades econômicas para o transporte, para o lanche ou para o material didático, por exemplo. E na base desses motivos citados existem os fatores de ordem emocional aonde a aversão à escola não é o problema em si, mas um sintoma, ou seja, é a forma como a criança ou o adolescente consegue manifestar, como um pedido de ajuda, que algo está acontecendo com ele. Esse “algo” pode, não necessariamente, ser real, mas a nível inconsciente como medos, frustrações, angústias, ansiedade de separação, etc. E é aí que entra o trabalho do psicólogo!
2 - Esse sentimento é contraído em casa ou no início da vida escolar?
Sem sombras de dúvidas a educação escolar depende de uma estrutura familiar boa. Assim, a rejeição escolar pode ter início em casa na medida em que a criança não é motivada primeiramente no ambiente familiar. É fundamental que a família oriente a criança desde muito pequena sobre a necessidade e importância da formação escolar para o futuro profissional, que a escola está totalmente conectada às expectativas que almejam para seu futuro. Vale ressaltar que no caso dos adolescentes, há situações aonde estes reconhecem a importância da escola, mas preferem ou precisam trabalhar, mesmo que com um baixo salário, para ajudar à família ou mesmo conseguir sua autonomia financeira e, desta forma, não conseguem conciliar os estudos com o trabalho e acabam por perder o interesse e, conseqüentemente, abandonam a escola. Contudo, há também situações que podem acontecer desde o início da vida escolar, como algumas já citadas, que podem fazer com que a criança passe a rejeitar o ambiente escolar. É preciso investigar cada caso.
3 - Existe um despreparo de alguns educadores para lidar com isso, bem como dos pais?
Como não sou da área da educação, não posso falar com propriedade em relação aos professores, mas o que vejo na minha prática clínica é a maioria dos professores tentando ajudar o aluno, seja chamando a família, fazendo os devidos encaminhamentos ou pedindo por orientação ao psicólogo, porém, ele não dispõe de muito tempo para lidar diretamente com cada caso que requer a sua atenção em sala, pois, normalmente, tem muitos alunos na turma, um conteúdo extenso para ensinar num curto período de tempo. Quanto aos pais, não diria que vejo um despreparo e sim, pais angustiados e com dúvida de como agir, com receio de insistir e traumatizar o filho ou não insistir e a situação persistir.
4 - Como a psicologia aconselha a combater isso?
Vejo como sendo um trabalho conjunto entre a criança ou adolescente, a sua família e a escola. É fundamental saber se a criança ou adolescente está bem, com condições físicas e emocionais para estudar. A família é responsável por garantir isto, devem conversar com o filho sobre a importância de ir à escola; devem falar, mas também é importante que ouçam as inseguranças do filho e o tranqüilize. Caso os pais não consigam sozinhos, devem procurar ajuda profissional. Por sua vez, a escola precisa tornar-se atraente para que o aluno tenha vontade de freqüentá-la. É importante oferecer um currículo atrativo, com habilidades socioemocionais (gerenciamento de emoções, alcançar objetivos, empatia, fazer e manter relações sociais positivas, entre outras) nas aulas, voltado ao projeto de vida do aluno, com atividades que conectem os alunos entre si e com os professores e despertem prazer em aprender.
5 - Deixe um recado para nossos leitores.
Sei como é difícil quando a criança se recusa ir à escola, muitos não querem acordar cedo, inventam dores, não querem fazer a lição de casa, choram e fazem escândalos demonstrando aversão ao ambiente escolar. O sentimento de angústia e impotência pode tomar conta de pais e educadores. Ambos devem manter uma proximidade e diálogo para entender o que a criança pode está enfrentando e procurar por estratégias que visem evitar que a situação chegue a um extremo. Além de oferecer um acompanhamento pedagógico, se necessário, a escola deve fazer os devidos encaminhamentos para psicólogos, psicopedagogos, neurologistas, etc. E, dependendo da idade e situação que o aluno esteja enfrentando, também podem ser tomadas providências legais com o Conselho Tutelar ou o Ministério Público. E pais, acompanhem o dia a dia de seus filhos de perto, mostrem o quanto se preocupam com o bem-estar deles, pratiquem o diálogo, criem laços saudáveis, ensine-os a esperar e a persistir, a lidar com as frustrações, estabeleçam limites claros e os estimulem à curiosidade, uma criança que se sente amada e segura terá prazer em ir à escola, se sentirá feliz em aprender, brincar e fazer amigos!
Priscila Badotti
Psicóloga Infantil
Entrevista concedida à jornalista Camila Rehbein da coluna Viver Bem (online) da Gazeta do Povo em março de 2016.
Quando os pais brigam na presença dos filhos.
Por que os pais precisam ter cuidados redobrados ao brigar perto das crianças? Que traumas isso pode causar?
Quanto mais nova for a criança, não terá maturidade cognitiva e emocional para lidar e administrar a briga entre os pais. Porém, mesmo não entendendo o motivo e o conteúdo do que está sendo dito nas brigas, poderá absorver a hostilidade e toda a tensão do conflito entre os pais e isso pode torná-las inseguras e ansiosas. Também já vi crianças apresentarem sintomas físicos, como vômitos e febres após presenciarem brigas e agressões entre os pais. Crianças que presenciam brigas entre os pais podem ter consequências emocionais para na vida adulta, pois a relação dos pais será referência em sua vida adulta.
Existe como reverter essa situação? Como?
Como diz o ditado “antes tarde do que nunca”, portanto, a partir do momento que os pais percebam que isso de alguma forma está afetando a criança, tentem parar com as brigas na frente deles. O que não quer dizer que os pais não tenham mais conflitos, mas se forem discutir na frente das crianças que aprendam a dialogar sem agressões sobre suas divergências e conflitos, mas a recomendação ainda é de que façam isso na ausência das crianças. E claro, procurar ajudar profissional para tratar possíveis danos causados à criança.
O que pode acontecer se as crianças ouvirem dos pais frases como estas:
“Foi você quem quis ter filhos". A criança pode sentir-se culpada pelas brigas dos pais. E ainda, achar que não foi desejada e que não é amada pela mãe ou pelo pai.
"Se continuar assim, vamos ter de nos separar". A separação pode ser uma alternativa para os pais que já tentaram de tudo para resolver suas diferenças e conflitos no casamento. Porém, tem que ser comunicado à criança com cautela no momento em que a decisão já é definitiva para o casal. De forma alguma a criança deve ficar sabendo da separação durante uma briga dos pais com todo o sentimento de raiva envolvido.
"Só não me separo de você por causa das crianças". É uma grande responsabilidade para a criança pensar que tem esse “poder” de manter unido ou de separar os pais.
"Se você não mudar, vou embora e não volto nunca mais". Se um dos pais diz que vai embora logo após uma briga também pode passar para a criança a ideia de que não devemos resolver conflitos e sim, fugir deles. Ainda, a criança pode ficar ansiosa por achar que a qualquer momento o pai ou a mãe poderá ir embora. É importante ressaltar que, mesmo que os pais cheguem a se separar e, consequentemente, vá morar em casas separadas, a criança precisa estar segura do amor dos pais por ela e que a separação não fará com que perca isso. Ex marido e ex esposa, sim. Ex pai, ex mãe ou ex filho, nunca!
"Você não está nem aí para as crianças". Se os pais discordam entre si da maneira que o outro educa o filho, devem conversar a respeito, porém, como já foi dito, nunca na frente da criança, pois falar mal do parceiro na frente da criança, além de tirar a autoridade do parceiro com a criança, faz com que ela fique confusa e se angustie.
"Nosso filho puxou a preguiça de você". Corre-se o risco que a criança acredite e se veja realmente da forma negativa que lhe é falado e passe a reforçar esse comportamento.
"Não fala mais comigo, quero distância de você". Mais uma vez, reforço o fato de que educamos pelo exemplo. Assim, as crianças aprenderão a lidar com conflitos à medida que aprenderem com quem estiver mais próximo dela, neste caso, seus pais. Além do mais, como a criança pequena é egocêntrica, pode achar que os pais estão falando que querem distância dela também.
"Nunca vou perdoar você por isso". Os pais são a referência para os filhos e educam também pelo exemplo. E se o que as crianças aprendem com os pais é que não devem perdoar, por exemplo, a chance de repetirem esse comportamento é muito grande.
Priscila Badotti
Psicóloga Infantil
Entrevista sobre Drogas Ilícitas concedida ao site “Vivo Mais Saudável” (Jornalista Mariana Haupenthal - GHX Comunicação) em agosto de 2015.
Como abordar o assunto com crianças e adolescentes?
Torna-se mais efetivo se a conversa acontece de forma natural e na medida do interesse ou curiosidade da criança ou do adolescente. Por exemplo, após assistirem algo sobre o assunto na tv ou mesmo se surgir, naturalmente, o assunto sobre a história de algum parente ou amigo. O nível da conversa deve ser de acordo com a faixa etária e considerar o que a criança ou adolescente já sabe sobre o assunto.
A partir de que idade as crianças entendem a gravidade do assunto?
Vai depender muito do contexto social e familiar que a criança está inserida. Mas desde a criança bem pequena é possível que a família comece a falar sobre os efeitos e conseqüências das drogas lícitas (álcool, cigarros) que ela, provavelmente, vê os adultos consumindo. Assim, será mais fácil falar sobre as drogas ilícitas mais tarde.
Por que falar sobre isso com os filhos?
O ideal é que a criança e adolescente perceba que sempre tem abertura para o diálogo em casa. É muito importante falar sobre drogas com o filho, pois assim ele saberá desde cedo qual a postura de sua família em relação às drogas, quais seus efeitos e conseqüências e quando ele chegar à adolescência, normalmente uma fase mais rebelde e influenciável, ele já estará informado o suficiente a ponto de recusar, caso alguém lhe ofereça.
É possível perceber sinais de que o filho esteja correndo risco, ou mesmo utilizando drogas?
Os jovens podem usar drogas em lugares onde os pais menos imaginam, como na escola e na própria casa. É preciso que os pais sejam próximos aos filhos, principalmente durante a adolescência, e fiquem atentos se perceberem alguma alteração nos seus comportamentos, assim como na rotina de sono, de alimentação, de estudo, por exemplo. Também é importante conhecer os amigos e os familiares dos amigos, aonde vão, como vão, como voltam e com quem.
Priscila Badotti
Psicóloga Infantil
TERROR NOTURNO
O Terror Noturno é uma parassonia (Distúrbio do sono) é caracterizado por episódios de pânico durante o sono e que, assim como o sonambulismo, é mais comum em crianças e acontecem nas 2 a 4 primeiras horas de sono. Durante os episódios de terror noturno, que normalmente duram de alguns segundos até poucos minutos, a criança pode sentar na cama, gritar, falar coisas sem significado lógico, abrir os olhos, correr pela casa, chorar inconsolavelmente, ter uma expressão facial de medo intenso, chutar ou se debater, apresentar sudorese, respiração anormal e batimento cardíaco acelerado, ficar com os olhos bem abertos e olhar fixo, ser difícil para acordar e, se acordar, ficar confusa, etc.
O terror noturno é diferente do pesadelo, uma vez que o pesadelo acontece nas últimas horas do sono, faz com que a criança acorde e normalmente lembre sobre o que estava sonhando. O terror noturno costuma apavorar mais os pais do que a própria criança, uma vez que ela não se lembra de nada do que aconteceu nesse período. É importante que os pais mantenham a calma, que esperem o episódio passar e não tentem acordar a criança.
Da mesma forma que acontece no caso de crianças com sonambulismo, os episódios de terror noturno normalmente não são motivos de preocupação e tendem a desaparecer de forma natural conforme ela cresce, mas caso persista é importante buscar ajuda profissional. Em todo o caso, pode ser necessário que os pais tomem medidas para que a criança não se machuque durante esses momentos deixando janelas firmemente trancadas e cuidando com escadas, por exemplo.